O abastecimento de gêneros que compõem o cardápio da merenda nas 280 unidades de ensino de Sorocaba (escolas estaduais, municipais e creches) pode ficar prejudicado a partir de amanhã, caso os fretistas que fazem a sua distribuição não recebam o pagamento atrasado já há quatro meses.

Ao todo, cerca de 30 caminhoneiros prestam serviços à empresa Tecfon, cujo representante, Sergio (ele se recusou a dizer o nome completo à reportagem) disse que será feito o acerto hoje. Mesmo diante da promessa, os profissionais se recusaram a carregar os veículos e mantêm a disposição de não fazer a entrega até receberem.

A Tecfon alega que não recebe da ERJ de quem é contratada para fazer a distribuição. A ERJ, sucessora da J. Coan, envolvida em esquema de corrupção conforme denunciado ao Ministério Públlico em 2012, mantém contrato com a Prefeitura não só de Sorocaba mas de outras cidades da região como Votorantim, Iperó e Boituva para fornecimento da merenda.

De acordo com o apurado pelo MP, a então contratada estava envolvida com o chamado "cartel da merenda escolar", que atuou em todo o Estado de São Paulo. Segundo publicado à época no site da instituição (www.mp.sp.gov.br), a acusação "imputou graves delitos a 35 pessoas".

O promotor de Justiça Orlando Bastos, de Sorocaba, informou que a J. Coan é investigada no que diz respeito à qualidade da merenda e os termos do contrato que ela mantém com a Prefeitura.

O Cruzeiro do Sul noticiou na semana passada que o Município gasta mais de R$ 250 milhões por ano com a alimentação dos alunos da rede pública. Com receio de sofrerem represália, os fretistas pediram para não terem os nomes divulgados, mas organizaram ontem à noite no galpão localizado na altura do Km 102 da rodovia Raposo Tavares um protesto pacífico.

Eles também denunciaram as condições precárias em que os gêneros (frutas, legumes e verduras) são mantidos. A reportagem constatou que os itens estão guardados em caixa e são manuseados sem cuidados higiênicos. O piso da parte externa das instalações é de terra.

Ainda conforme os manifestantes, no local trabalhariam menores de idade, o que é proibido por lei. Sobre as informações, Sergio, da Tecfon, disse não poder se manifestar já que responde apenas "pela parte da entrega" dos alimentos à escola. Quase 200 mil refeições são servidas diariamente nas escolas de Sorocaba. Cada fretista distribui diariamente alimentos para até 20 escolas.